OSTRAS DEPURADAS DE ALAGOAS

O PROJETO

Como inserir a cadeia produtiva de moluscos bivalves, especialmente a ostra, na cadeia do turismo? Esse é o desafio principal do Projeto Ostras Depuradas de Alagoas. Para isso, temos algumas bases como norte: a participação comunitária nas decisões, a qualidade e sanidade do produto, a promoção de trabalho e renda e a conexão entre produtores, chefes de cozinha e turistas.

Para colocar em prática essa ideia, seguimos com diversos e importantes parceiros, tanto os atuais quanto os que contribuíram na nossa trajetória: a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), Governo do Estado de Alagoas, Secretaria de Estado da Agricultura do Estado de Alagoas (SEAGRI/AL), Sebrae Alagoas, a Prefeitura de Coruripe e a Associação de Produtores Ostreicultores de Barreiras de Coruripe, Palatéia de Barra de São Miguel, Ilha Bela, Mar & Ostra e Associações dos Maricultores de Barra de Camaragibe.

COMO SURGIU O PROJETO

No estado de Alagoas, cerca de 100 famílias encontram no cultivo de ostras (ou ostreicultura) o sustento do dia a dia. Elas estão em cinco comunidades nos municípios de Coruripe, Barra de São Miguel, Barra de Santo Antônio, Passo de Camaragibe e Porto de Pedras.

Mesmo com incentivos ao cultivo de ostras e a atividade incluída nas políticas públicas do Estado e de parceiros, há uma fragilidade, uma lacuna para a cadeia produtiva: a venda do produto para restaurantes e estabelecimentos comerciais. Existe, ainda, outra característica da própria cadeia produtiva: as ostras, por exemplo, são produtos consumidos de forma não regular e é raro ter confiança na qualidade e sanidade do molusco. Além desses pontos que dificultavam a venda, a falta de organização dos grupos de produtores e de direcionamento comercial fazia com que a venda ficasse restrita e pouco lucrativa.

Foi então que, em 2009, o projeto Ostras Depuradas de Alagoas deu os primeiros passos, proposto pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS). Em seguida, veio o apoio do Governo do Estado de Alagoas e o fortalecimento dos grupos produtivos organizados pelo Sebrae/AL.

O objetivo principal é apoiar a geração de emprego, trabalho e renda para comunidades produtoras de ostra da região de Maceió, ampliando a comercialização do produto e incluindo princípios de responsabilidade ambiental, social, sanitária e de padrão de qualidade. Para isso, foi necessário estabelecer estratégia de comercialização, agregar valor ao processo produtivo tradicional, fortalecer a cultura gastronômica local e os conceitos de comércio justo e de consumo e turismo sustentáveis.

A DEPURADORA

Se uma das lacunas da cadeia produtiva era a desconfiança na qualidade e sanidade das ostras, o processo de depuração é um ponto fundamental – ou seja, que os moluscos passem por um processo de remoção microrganismos, resíduos ou substâncias nocivas do interior das ostras, deixando as ostras seguras para o consumo. Assim, em 2011, foi construída a estação de depuração e beneficiamento de moluscos do município de Coruripe, a cerca de 130 km de Maceió. O apoio da AECID foi extremamente importante para construir a Depuradora de Coruripe.

GESTÃO PARTICIPATIVA E DIRECIONADA AO MERCADO

Uma vez resolvida a questão do risco de contaminação, restava ainda o desafio de direcionar comercialmente o produto e organizar os grupos produtivos com um modelo de gestão participativo e funcional. Para isso, foi desenhada uma nova etapa do projeto
financiado pela AECID, de 2012 a 2013.

A construção do modelo de gestão compartilhada se iniciou a partir das ações dessa nova etapa. Todas as decisões começaram a ser tomadas de forma participativa e o plano de trabalho inicial foi discutido com as comunidades ostreicultores e parceiros do projeto em reuniões mensais.

Foi em 2013 que o grupo iniciou o processo de institucionalizar o Programa Ostras Depuradas de Alagoas e o comitê formado pelos grupos de ostreicultores e parceiros do projeto também iniciou sua institucionalização. Neste mesmo ano foi iniciada a comercialização semanal da Depuradora, em que o IABS assumiu consensualmente a responsabilidade de gestão da indústria e da comercialização do produto.